Doença renal crônica

30 agosto, 2025

A doença renal crônica (DRC) é uma condição de perda lenta e gradual da função dos rins, que pode se tornar irreversível e levar à necessidade de diálise ou transplante renal em estágios avançados. Causada por problemas como diabetes e hipertensão, a DRC é muitas vezes assintomática nas fases iniciais, mas pode evoluir para sintomas como fadiga, edema e confusão mental. O diagnóstico é feito por exames de sangue e urina, e o tratamento visa controlar a doença de base, a pressão arterial e a dieta, além de incluir diálise e transplante em casos graves. 

O que é a DRC?

  • Perda progressiva da função renal: A capacidade dos rins de filtrar resíduos e toxinas do sangue diminui ao longo do tempo. 
  • Condição crônica: A lesão ou disfunção renal persiste há mais de três meses, com consequências para a saúde. 

Causas principais: 

  • Diabetes mellitus: É uma das causas mais comuns da DRC.
  • Hipertensão arterial (pressão alta): Também é um fator de risco significativo para o desenvolvimento da doença.

Sintomas:

Muitas vezes, a doença não apresenta sintomas até que esteja em estágios avançados. Quando surgem, podem incluir: 

  • Fadiga e fraqueza
  • Inchaço nos pés, tornozelos e ao redor dos olhos
  • Dificuldade para se concentrar
  • Prurido (coceira) na pele
  • Náuseas, vômitos e perda de apetite
  • Cãibras musculares

Diagnóstico:

O diagnóstico é feito através de exames de laboratório que medem a função renal, como a taxa de filtração glomerular (TFG) (principalmente a creatinina e cistatina C), exames de urina para verificar a presença de proteínas e exame de imagem para detecção de alteração na estrutura renal. 

Tratamento:

O tratamento da DRC foca em:

  • Controle da doença de base: Tratar o diabetes e a hipertensão é fundamental. 
  • Dieta e hidratação: Restrição de sal, potássio e líquidos, dependendo da fase da doença. 
  • Medicamentos: Para controlar a anemia, a pressão arterial e os níveis de fósforo e cálcio. 
  • Terapia Renal Substitutiva (TRS): Em casos graves, quando a função renal não é mais suficiente, são indicadas hemodiálise ou diálise peritoneal e o transplante renal. 

Prevenção:

  • Controle da pressão arterial e do diabetes.
  • Dieta equilibrada com baixo teor de sal e açúcar.
  • Prática regular de exercícios físicos.
  • Monitoramento regular do peso e dos níveis de colesterol.
  • Consulta médica anual, especialmente após os 40 anos, para avaliação da função renal.

 

Hipertensão arterial sistêmica - Visão do médico nefrologista

30 agosto, 2025

O médico nefrologista é o especialista indicado para avaliar e tratar casos de hipertensão arterial, principalmente as que sejam de difícil controle, ou que tenham uma causa renal subjacente, como interferência das artérias renais ou outras doenças do rim. Ele monitora a saúde renal, investiga possíveis causas de hipertensão secundária e ajusta o tratamento, protegendo os rins da sobrecarga imposta pela hipertensão arterial e prevenindo a progressão para a insuficiência renal. 

Quando procurar um nefrologista por causa da hipertensão?

  • Hipertensão resistente: Se a pressão arterial não melhora com o tratamento e o uso de três ou mais classes de anti-hipertensivos. 
  • Hipertensão secundária: Quando há suspeita de que a pressão alta tem uma causa específica, como doença renal crônica, distúrbios endocrinológicos ou alteração estrutural das artérias renais. 
  • Alterações renais: Se os exames de sangue (aumento dos níveis de creatinina) ou urina (perda de proteína pela urina) indicarem problemas na função renal.
  •  Doença renal crônica: A hipertensão é um fator de risco para a doença renal crônica, sendo crucial o acompanhamento para evitar sua evolução. 

O que o nefrologista faz?

  • Diagnóstico: Investiga a causa da hipertensão, diferenciando a primária da secundária, especialmente a de causa renal. 
  • Avaliação renal: Monitoriza a função renal através de exames, como a medição da creatinina e exames para detecção de perda de proteína na urina, a fim de identificar danos nos vasos sanguíneos ou glomérulos. 
  • Tratamento: Prescreve ou ajusta o tratamento para controlar a pressão arterial, envolvendo uso de medicações direcionadas para causas específicas. 
    Orienta sobre a importância da dieta (redução de sal), prática de atividade física, cessar tabagismo e controle de outros fatores de risco, como diabetes e obesidade, para auxílio no controle da pressão arterial e preservação a função renal a longo prazo. 
 

Nefrolitíase (Cálculo renal)

30 agosto, 2025

O que é:
É uma condição médica caracterizada pela formação de pequenos depósitos sólidos (pedras) nos rins ou no trato urinário. Essas pedras são compostas principalmente de sais minerais e podem variar em tamanho, desde pequenos cristais até pedras maiores.
Tipos:
Os cálculos podem ser classificados de acordo com a sua localização no sistema urinário e por sua composição. Pela localização podem ser renais (dentro do rim), ureterais (dentro do ureter, que é o canal que leva a urina do rim para a bexiga) ou vesicais (na bexiga). Pela composição podem ser de vários tipos. É clinicamente importante identificar o tipo de cálculo, que fornece o prognóstico e possibilita a seleção do esquema preventivo ideal. Os cálculos de oxalato de cálcio são os mais comuns (cerca de 75%). Seguem-se, por ordem decrescente, os cálculos de fosfato de cálcio (cerca de 15%), ácido úrico (cerca de 8%), estruvita (cerca de 1%) e cistina (<1%).

Fatores de risco:

  • Histórico familiar: Ter parentes de primeiro grau, como pais ou irmãos, com histórico de cálculos renais aumenta o risco de desenvolver a condição. Isso pode ser devido a fatores genéticos ou ao compartilhamento de hábitos alimentares e estilo de vida semelhantes.
  • Desidratação: A falta de ingestão adequada de líquidos pode levar à concentração de substâncias na urina, favorecendo a formação de pedras nos rins. A hidratação adequada é essencial para diluir os componentes da urina e prevenir a cristalização.
  • Dieta inadequada: Consumir uma dieta rica em sódio (sal), açúcares, proteínas animais, oxalato (encontrado em alimentos como espinafre, beterraba, chocolate, café e chá preto) e ácido úrico pode aumentar o risco de desenvolver pedras nos rins. Por outro lado, uma dieta pobre em cálcio também pode contribuir para a formação de pedras.
  • Obesidade: O excesso de peso e a obesidade estão associados a um maior risco de desenvolver nefrolitíase. A obesidade pode afetar o equilíbrio de substâncias na urina e favorecer a formação de pedras.
  • Certas condições médicas: Algumas condições médicas como hiperparatireoidismo (um distúrbio das glândulas paratireoides), distúrbios metabólicos como gota, doenças renais crônicas, infecções do trato urinário recorrentes e certas condições intestinais que afetam a absorção de nutrientes.
  • Uso de certos medicamentos: Alguns medicamentos podem aumentar o risco de formação de pedras nos rins, como diuréticos, suplementos de cálcio, medicamentos contendo carbonato de cálcio ou vitamina D em excesso, e alguns antibióticos

Quadro clínico:

Os principais sintomas clínicos são:

  • Cólica renal: A dor é o sintoma mais comum. Varia de uma dor leve a um desconforto tão intenso que requer analgésico potente endovenoso. 
  • Hematúria (sangue na urina);
  • Sintomas urinários como disúria (dor para urinar) e polaciúria (aumento da frequência miccional) podem estar associados à cólica renal.

Um médico nefrologista é o profissional adequado para investigar e tratar a causa de cálculos renais, especialmente quando há risco de recorrência ou de perda da função renal, através de análises de urina e sangue, reeducação alimentar e tratamento medicamentoso. O nefrologista não trata uma crise aguda de dor, pois geralmente trata-se de uma emergência urológica até a saída da pedra de forma espontânea ou por intervenção cirúrgica, nesses casos necessitando de atendimento da urologia. O nefrologista foca na investigação da causa, prevenção de novas pedras e na proteção da saúde dos rins a longo prazo. 

Investigação da causa:

  • A consulta com o nefrologista é importante para investigar os motivos que levam à formação das pedras, realizar exames de urina de 24 horas e análise de sangue para identificar desequilíbrios de substância como cálcio, citrato e ácido úrico.

Tratamento dietético e medicamentoso:

  • Com base nos resultados dos exames, o nefrologista recomenda mudanças na dieta e nas prescrições de medicamentos para evitar o surgimento de novos cálculos, diminuindo em até 50%, pois as chances de eles se formarem novamente. 

Acompanhamento a longo prazo:

  • O acompanhamento pelo nefrologista é fundamental para pacientes com histórico de cálculos renais em andamento, evitar que eles aumentem de tamanho e protejam a função renal. 

 

Tomar anti-inflamatório faz mal para o rim?

29 maio, 2025

Você já tomou anti-inflamatório alguma vez na vida?
Acredito que a maioria das pessoas responderá que SIM! Os anti-inflamatórios são medicamentos amplamente utilizados para alívio de dor/inflamação.
Diclofenaco, Cetoprofeno, Ibuprofeno, Piroxicam, Meloxicam, Nimesulida, Naproxeno e Celecoxibe estão entre os mais utilizados.
Como possuem uma boa ação analgésica e são vendidos sem prescrição médica, o abuso deste tipo de medicação é frequente e é ai que mora o perigo!

Os anti-inflamatórios têm um potencial tóxico aos rins, podendo causar diversos tipos de lesão renal:

1. Injúria Renal Aguda: Por redução do fluxo sanguíneo para as áreas que fazem a filtração dentro dos rins.

2. Nefrite Intersticial Aguda: Neste tipo de lesão o paciente pode começar a perder muita proteína na urina e evoluir com inchaço generalizado.

3. Doença Renal Crônica: O uso prolongado ou recorrente aumenta o risco do paciente desenvolver lesões irreversíveis.

Nesses 2 anos como Nefrologista, conheci diversos pacientes que perderam a função de seus rins por abuso de anti-inflamatórios! A maioria deles usava para tratar dores crônicas ocasionadas por artrose ou gota.
Isso não significa que todos devem evitar completamente os anti-inflamatórios. Eles podem ser seguros quando usados ocasionalmente em pessoas jovens sem problemas de saúde.
No entanto, pacientes idosos com doenças preexistentes, como doença renal crônica, hipertensão arterial ou diabetes, correm maior risco de desenvolver complicações renais ao tomá-los.
Por isso, nada de ficar se automedicando por aí, combinado?